17.12.09

Fábrica e Museu da Fábrica do Inglês de Silves - finalmente uma achega para um debate sério

Tenho, por conhecida relação umbilical e de interesse, mantido reserva de opinião sobre a já pública situação da Fábrica do Inglês e do seu Museu da Cortiça. Também pelo que a situação particularmente me diz, do ponto de vista emocional, enquanto historiador de vocação, defensor do património histórico/cultural e silvense por linhagem e vontade.
Tomarei brevemente sobre o assunto pública posição. Não me considero sobre isso impedido, antes pelo contrário.
Antes, porém, e porque outros, de fora, entenderam vir a terreiro manifestar as suas preocupações, que são as minhas também, partilho agora convosco um texto enviado à LUSA pela Direcção Nacional do ICOM (Comissão Internacional dos Museus), presidida pelo Dr. Luís Raposo, também director do Museu Nacional de Arqueologia.

3 comentários:

Menino Tonecas disse...

Aguardo impacientemente a sua tomada de posição acerca do assunto da Fábrica! Mas, repare no seguinte: o Sr. não fica com a impressão que há pessoas que querem usar o Museu da Cortiça para safar a sua pele e sacudir a água do capote quanto a responsabilidades na gestão do empreendimento?!? Estou certo ou estou errado!??

Manuel Ramos disse...

Nem certo, nem errado, não vejo as coisas assim.
As alegadas responsabilidades na gestão da sociedade, que não comento, ainda que tenha uma opinião sobre isso, devem ser objecto de avaliação, não por todos nós, mas pelos accionistas que lá colocaram o seu dinheiro e viabilizaram uma administração.
Quanto à impressão que sente sobre a tentativa de sacudir a água do seu capote (por parte da Administração) também não vejo bem assim. As dívidas existentes aos bancos(cobertas por hipotecas a qualquer momento executáveis e não só) e a outros são, opinião minha, totalmente cobertas pelo activo ali presente. A Administração pode simplesmente deixar que estas sigam o seu caminho.
Os accionistas sim, teriam tudo a perder, mas acho que já o sabem. Agora punhamos as coisas de forma simples: o senhor tinha um edifício de arquitectura e património notáveis, em cuja conservação estava empenhado, apesar de tudo. Não tinha dinheiro nem para a sua conservação, nem para garantir que qualquer dos seus credores lhe jogasse a mão, pedisse a sua insolvência ou penhorasse o mesmo. O que faria, senão apelar ou auscultar o interesse e capacidade da autarquia intervir, quando esta é uma entre as suas primárias competências,o dever de salvaguardar o património e a memória local?
Entretanto, e respondendo a outro comentador, escrevi sobre o assunto também aqui:
http://sacodosdesabafos.blogspot.com/2009/11/de-proposta-em-proposta.html

Paciencia de Job disse...

As voltas que vejo dar a esta situação para não ferirem susceptibilidades.
Falhou a C.M.S. ao não cumprir o dever de salvaguardar o património e a memória local,como todos sabemos,uma competência primária deste orgão.
Como todos podemos constatar,esta situação é um exemplo sem precedentes em Portugal.
Mas qual das situações?
A falência de uma entidade privada ou o facto do Museu da Cortiça estar até hoje entregue a um privado,sem que nunca a C.M.S. tenha "movido uma palha" para o adquirir.
Este privado têm um edificio de arquitectura e património notáveis,construido como?
Quanto dinheiro já recebeu, a fundo perdido, para costruir este notável património?
A nova modalidade de articulação entre as finalidades colectivas e as conveniências privadas que esta iniciativa privada iniciou,teve o fim que todos sabiam.
O descalabro financeiro está salvaguardado pela importância patrimonial do edificio.Jogadas sujas,óbvias para todos...
Excelente oportunidade para repor alguma ordem.

Em Armação de Pêra foi invocado interesse público,no caso do apoio de praia,a C.M.S. não cumpriu o dever de salvaguardar o património natural da vila,mesmo com a população em peso a reivindicar.

Quando li no texto enviado à Lusa, que há hesitações ou desinteresses que não se perdoam,não pude deixar de sorrir.

O que achou dos pequenos Berlusconis de louça que andam a vender lá pela Itália?