6.12.10

Museu ao abandono

No Correio da Manhã de hoje.

7 comentários:

Anónimo disse...

Com 37.500€ a gastar num projecto Faraónico que é o da requalificação da Fábrica do Inglês, seria melhor gasto esse dinheiro e talvez mais uns trocos, na requalificação de algum edifício da Câmara que esteja subaproveitado ou que não esteja a ser utilizado e proceder-se à transferência definitiva do Museu, caso haja vontade Política.

Acho ainda que não é preciso ser muito esclarecido no assunto que esses 37.500€ que são necessários para a execução de um projecto embrionário será o primeiro de muitos que a Câmara irá necessitar injectar caso essa intenção vá avante.

Manuel Ramos disse...

Com o devido respeito, quero deixar algumas observações:
1ª O estudo proposto é de absoluta necessidade para Silves e o seu concelho, Fábrica do Inglês incluída (pois é um dos seus mais importantes activos), e só peca por tardio num município cuja vocação futura passa obrigatoriamente pelo turismo cultural. Não existindo, deverá existir;
2ª O preço apresentado, só para o estudo, é de 50 000 euros aproximadamente (se incluirmos IVA e outras alcavalas) o que equivale à primeira prestação paga à PLMJ pela auditoria ("para inglês ver", na minha opinião)às contas da Câmara durante o processo Viga d'Ouro ou à publicação de um DVD e livro de duvidosa publicidade ao concelho (com cerimónia pública em tenda montada na Praça al-Mutamide) ainda há poucos anos realizada. Só para citar dois exemplos.
É dinheiro, com certeza, sobretudo nos tempos que correm, mas é investimento no desenvolvimento futuro que pode e deve ser pago por outros, como defendo, que não só a Câmara;
3ª É com desgosto que continuo a ouvir algumas pessoas falar em trasladação do Museu da Cortiça. É não perceberem que o Museu não são só as máquinas e peças que ali se expõem, mas sim todo o bem conservado espaço arquitectónico que ali está, com muitas das estruturas "in situ" (caldeiras de cozer, tanques de lavagem, chaminé, chalet), fazendo do próprio sítio museu e memória viva única no panorama local, nacional, e até internacional, de uma realidade industrial transformadora passada. Todos, mas sobretudo os silvenses, têm que perceber uma coisa simples, esquecendo toda a envolvência política, social, pessoal, etc. e tal: o edifício da Fábrica é um dos mais significativos espaços arquitectónicos da cidade, em paralelo com o Castelo, a Ponte Velha, a Cruz de Portugal, a Sé, e de outros, curiosamente todos a precisar de atenção, por quem de direito!
Misturar algo mais a este assunto é, desculpem, má-fé e ignorância.
Já agora, apetece-me informar: no próximo sábado, dia 11, estarei em Ponte de Sôr para falar do Museu da Cortiça e do seu projecto, palestra que já fiz em Hannover (Alemanha), Pisa (Itália), Mézin (França), Seixal (por duas vezes), Albufeira, Faro, Portimão, Lagos, e outros lugares, mas nunca fiz em Silves (excepto aos meus alunos)!!
Passo o desabafo!

Anónimo disse...

Com o devido respeito também Sr. Manuel Ramos, mas quando uma pessoa de boa fé deve dinheiro a outra, não vai arranjar outros compromissos financeiros sem que pague primeiro o que pediu emprestado, pelo menos é assim que eu faço na minha casa.

E é o que se passa neste momento com a Câmara a qual deve milhões de euros à banca como é de conhecimento público e por muito boas que sejam as intensões neste investimento poderá colocar a Câmara mais dia menos dia insolvente, como tem vindo a ser referenciado nas estatísticas como sendo uma das Câmaras mais endividadas a nível nacional e numa altura em que as receitas diminuem de dia para dia.

Para se gastar o dinheiro não é preciso nada, porque toda a gente pede algo, é só assinar o cheque e já está, o problema vem depois quando começam as contas a acumular e depois vêm as oposições (a um nivel geral do País) com grande estupefação que a divida é astronómica, quando parte das dividas partiram de sua iniciativa.
Por isso pede-se a quem nos governa e a quem está na oposição mais respeito pelos contribuintes, que cada vez hão-de ser menos pelo caminho da carruagem.

Assim é de bom senso ser racional nas despesas que se fazem, e se não se pode andar montado de "Ferrari" anda-se num "Fiat Uno", sob pena de mais dia menos dia vem cá alguém e leva-lhe o "Ferrari" e depois fica a pé de vez.

Anónimo disse...

Exº Senhor Manuel Ramos

Quando a “Fábrica do Inglês” foi projectada havia um projecto ambicioso. Foi ponderado todos os intens desde dos recursos da região, a mão-de-obra, os mercados para exporta, clientes. Ou seja foi feita uma boa prospecção de mercado.

Ainda foi à pouco anos que se via a entrada e saída de pessoas da quela unidade transformadora, gerida pelo Srº Estrelo.

Era ver as pessoas da cidade e arredores a carregar sacas de rolhas para suas casas para as picar aos serões, assim entrava mais alguns vinténs para alimentar as famílias de parcos recursos. Com a industrialização acentuada, os não investimentos quer na transformação quer na cidade, e tudo foi fechando. E a malfada crise, sempre essa, a assumir as culpas de alguém E em poucos anos todas as fábricas na cidade fecharam. E ela eram mais de 20.

Ainda hoje quando visito Silves e com saudade que vejo algumas pessoas que trabalhavam nas fábricas. Vivendo das suas míseras reformas mas no entanto com o dever cumprido.

Depois foi a decadência, um espaço entregue ao tempo e ao abandono. Era de para chorar ao ver o estado que aquilo chegou. E no entanto se fazia uma fissul (entregue ao abandono), onde a construção em Armação de Pêra era um negócio da china.
Mas lá chegou os salvadores com os seus projectos “com entrolhos” e lá se gastaram milhões para restaurar o espaço e coloca-lo nos jornais, na rádio e na TV, com os seus eventos.

E o ciclo se repete o início para mais um abandono anunciado. Mas claro alguém se lembrou em ganhar ou fazer ganhar mais alguns milhares. Agora mais um projecto e depois há-de vir outro e outro em fim muitos mais ainda virão.

Ao fundo do túnel se vem um projecto a apostar no turismo cultural. Pergunto se será esse o verdadeiro caminho? Tal como no início se pergunta, e os recursos, a de obra qualificada, à mercado externo e até interno,acrescento será que Silves e o próprio Algarve é uma zona de atracção turística internacional e nacional, nos próximos 20 anos? Será que não há por ai outros países mais promissores em termos turísticos nem só pelos preços como pela qualidade? Será que é com muitos programas como “Allgarve” que chama o turismo internacional?

Mas surgem ainda outras perguntas mais pertinentes. Será que Silves tem capacidade para ser uma cidade atractiva, que a nível social, e humano e até mesmo cultural?

Com esses 50 000€ deviam primeiramente parar para pensar. E começar por saber as razões que a cidade de Silves e até mesmo o concelho não é atractivo A cidade é apenas um subúrbio, os jovens saem e preferem residir nos grandes centros urbanos Portimão, Albufeira, etc.

Com os melhores cumprimentos

Joaquim Santos

Anónimo disse...

Aliás basta ver o mercado da construção civil a nível nacional, que é practicamente nulo.

Ora se para os Privados não está numa altura para investimentos, inclusivé estão a desinvestir, com as taxas de juro a subir, o dinheiro a escassear nos mercados internacionais, porque será que a Câmara tem que investir em mais betão, com empreendimentos turísticos por todo o lado às moscas a practicar preços de saldo e alguns bem conhecidos em risco de falência.

Anónimo disse...

Isto de turismo é só para iluminados.
O projecto F. do I. é bem a prova do êxito.
Acabem com as fantasias, assentem os pézinhos no chão e assumam a realidade que vivemos.
Como disse J.P.Sousa e o Mestre M.Ramos corruburou, destaquem o Museu e deixem que outros encontrem as necessárias soluções e os inerentes riscos.
O Município é pobre e mal gerido pelo que não pode aspirar a luxos, só a lixos, como as fotos que têm vindo a público atestam.
Olé!

Camarada Faustino disse...

Por vezes fico sem perceber se o Professor Manuel Ramos vive em Silves! É que antes de ser Fábrica do Inglês, antes de haver Museu, era um edifício ao abandono, em ruínas, cheio de lixo e ratos, onde os junkies iam injectar coca e heroína nas suas veias... nessa altura, ninguém se importava com nada e ninguém se atrevia a dizer que estava ali um edificio museu! Agora, que meteram lá uns restaurantes e uma sala de eventos, com a exposição de bens culturais, já há um museu que deve ser preservado custe o que custar ao erário público, então nada pode ser transladado! Deixem-se de conversas, transfiram o recheio para as instalações de uma entidade pública e voltará a haver uma museu, desta vez, de uma vez por todas!