22.12.09

Porque o assunto é mais do que nosso...


Porque o assunto "Fábrica do Inglês" é mais do que nosso, e por aqui continuamos a "chover no molhado", como de costume, e bem pior, a lançar lenha para uma fogueira em que todos nos sentamos, queiramos ou não, só posso saudar a iniciativa da deputada algarvia Cecília Honório, do Bloco de Esquerda. Entendeu esta muito oportunamente inquirir o Governo (Ministério da Cultura e da Economia) sobre se conhece a situação e o que tenciona fazer caso o património em causa esteja ameaçado. Esperamos agora, de outros partidos, igual interesse e preocupação, à altura do que considero estar em causa (hoje fiquei a saber que também três deputados do CDS-PP colocaram ao governo semelhantes preocupações). Importante também, e a destacar por ser a primeira posição assumida por uma autarquia do concelho, a moção apresentada pelo membro do BE na Assembleia de Freguesia de Silves, Carlos Marques, e que, significativamente, foi aprovada por unanimidade.
Faço, porém, ao texto do Bloco, e a outros que já li, o seguinte reparo ou chamada de atenção: o que está em causa não é a sobrevivência do museu da cortiça, strictu sensu (ala norte de um edifício), do seu património técnico e documental de valor nacional: é a fábrica no seu todo, um conjunto arquitectónico e museológico único, pois esta é museu também, e a outra parte (a ala norte), nada é ou significa sem o resto.
Não será essa a resposta por que parecem aguardar, e até gostariam de ouvir, os mudos protagonistas da foto acima?
P.S. - Já hoje, 23 de Dezembro, foi gravada no Museu uma desenvolvida reportagem em duas partes pela RTP1, para o programa Portugal em Directo (veja aqui a Parte 1 e a Parte 2)

9 comentários:

Menino Tonecas disse...

Sr. Manuel Ramos,

O Sr. diz que o museu é todo o empreendimento!!! Pergunto eu então: e a churrasqueira? e os bares de diversão nocturna? e a sala de espectáculos? Também são museu? Já estou confundido com essa história toda...

Manuel Ramos disse...

Fica evidente pelo que diz de que fala do que não sabe. Então o edifício não foi reabilitado no respeito pela sua arquitectura oitocentista?, aliás originalíssima no que respeita a fábricas de cortiça e até em outras dessa época; e na churrasqueira não tem em exposição várias máquinas e outros itens museológicos? e na marisqueira, onde ficaram, "in situ" as duas caldeiras em cobre (teriam dado bom dinheiro, vendidas à sucata!) de cozer cortiça e os tanques de lavagem de rolhas. Bares de animação nocturna e salas de espectáculos?? Provavelmente, estaremos a falar de sítios diferentes.
Não fale do que não conhece ou não sabe. Provavelmente é daqueles que nunca visitou o museu, o que seria uma vergonha sendo daqui. Ainda assim, arrisca palpites disparatados.
Aconselho-o a ver os vídeos da reportagem da RTP1 que por lá passou hoje, dia 23. Encontrará as ligações no rodapé deste post.

Menino Tonecas disse...

É verdade que nunca visitei esse museu único no mundo com uma churrasqueira e marisqueira... Agora, sim, percebi que é singular! Meu caro Manuel Ramos os bens que integram o verdadeiro espaço museu merecem ser salvaguardados, são património do concelho, disso não haja dúvidas, agora o edifício só porque foi reabilitado passa a configurar um monumento, essa não pega... é que em Silves há muitos edifícios desses antigos que deixaram apodrecer para depois fazer nascer blocos de betão com apartamentos! Então em Armação nem se fala... É por isso que eu acho que essa de salvaguardar o edifício todo tem algo por trás que vai para além do próprio museu... Atão agora os contribuintes vão pagar para salvar uma churrasqueira e uma marisqueira e um espaço de banquetes para casamentos... não brinquem comigo...

Manuel Ramos disse...

Mais disparate, fazendo jus ao nickname que utiliza.
Primeiro porque confessa (valha-lhe isso!) aquilo que já se percebera: nunca visitou o museu e a fábrica sobre os quais emite tão "doutos pareceres"! Depois porque não sabe que este edifício não foi construído por esta sociedade agora em dificuldades financeiras, já existia (desde 1894!) e estava prevista a sua protecção em sede de PDM (1995), o que foi feito a expensas da Fábrica do Inglês, S.A.. Como o Museu, propriamente dito, onde foram gastas avultadíssimas verbas, e que agora curiosamente reclama como património concelhio, mas onde todos nós não metemos "um chavo"!
Comparar este conjunto arquitectónico aos velhos edifícios de Armação ou outros lugares do concelho que deixámos (todos nós) destruir, só revela falta de capacidade para avaliar que património está em jogo e o primeiro passo para continuarmos como até aqui, comparando o que já se fez com o que se quer agora fazer. Para além de que cheira a bairrismo doentio contra tudo o que é de Silves, ou se quer proteger na cidade de Silves.Como se esta não fosse ainda a capital deste concelho e, em termos patrimoniais, a "jóia da coroa"! Assuma cada um "as lutas" que quer travar, no mínimo, nos sítios onde vive e deve participar activamente, e solidarize-se com as dos outros, e melhores resultados com certeza se obtinham...para todos.

Menino Tonecas disse...

Sr. Manuel Ramos,

Os tais pareceres deixo para si e a elite do concelho... mas não me parece que a reabilitação do edifício faça dele um monumento, até porque visto de fora passa despercebido a qualquer um! Enquanto contribuinte não me sinto na obrigação de contribuir com a minha força de trabalho para salvar uma churrasqueira e uma marisqueira mal gerida por um privado...

Anónimo disse...

Eu já visitei o Museu da Cortiça e a Fábrica do Inglês e considero uma mais valia para o Concelho. Agora, não posso aceitar que os dinheiros públicos sejam utilizados para sanear instituições. O dinheiro municipal é de todos e por isso não se pode obrigar quem não quer contribuir para salvar a instituição. O minha liberdade termina onde a do outro começa.
A viabilização do espaço deve ser entregue a quem acredite nele (um privado).

Arménio Catatau disse...

Patrimonio concelhio é a baía de Armação de Pêra, é a praia dos pescadores, e não se importaram de aprovar um mamarracho em cima do areal, agora um caserne que foi uma fábrica, depois ficou em ruína e ao abandono dos drogados, para depois fazerem umas obras de reabilitação para virar churrasqueira e eventos de espectáculos turísticos e meterem lá uns achados de cortiça e umas máquinas para atrair ovelhas ao engodo e agora afirmar que temos um patrimonio concelhio que deve ser salvo pelo municipio com dinheiro dos contribuintes..., por favor, eu não caío nessa...

Talvez quem seja accionista e investiu bom dinheiro e se sinta defraudado, possa agora defender o contrário.

Manuel Ramos disse...

Hoje a Fábrica, amanhã o casino de Armação, a fortaleza, a praia Grande, e por aí adiante...
Cada um por si, e com as suas "damas", os "seus jardins". Vamos longe, silvenses, pensando assim...!

Anónimo disse...

Desejo a todos os leitores e colaboradores deste blog um Bom Ano Novo.