18.5.10

Em mais um 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus...

Em 1998 (data da foto) era uma fábrica centenária abandonada.
Em 1999 foi museu, premiado em 2001 com o mais importante prémio europeu na categoria de museu industrial. Era então um dos museus mais visitados do país, com mais de 100 000 visitantes anuais. É senhor de um extraordinário património, senão o mais importante, pelo menos um dos mais importantes do mundo na área do desenvolvimento industrial corticeiro. Possui um arquivo documental com mais de um século que guarda importantes tesouros da história industrial e política de Silves e deste país. Hoje, em 2010, parece que voltámos ao início…
Assim celebramos, com um amargo de boca, este 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus.
P.S.1- O que é notícia para alguns...Esperemos que cá chegue! 
P.S.2-Pelo menos hoje (já escrevo no dia 18, pela noite), já temos mais algum eco institucional, mesmo que com aspas.
E por que os sentimentos se traduzem em gestos, o registo fotográfico de última hora:

4 comentários:

Filipa Gouveia disse...

Ficam os votos de que num futuro próximo, os valores que moveram a criação deste belíssimo exemplo na preservação do Património Industrial sejam de novo recordados.
Infelizmente - perdoem-me a comparação se vos parecer de mau gosto - neste Dia Internacional dos Museus o Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês, em Silves, está de facto em Harmonia com a Sociedade, temática proposta este ano pelo ICOM.
Encerrado, sem rumo à vista, de futuro possivelmente incerto... tal como assistimos tristemente em diversas áreas da Sociedade actual.
É com desalento que recebo esta notícia... não podendo deixar de elogiar o trabalho da equipa que desenvolveu, ao longo da última década, o Museu Industrial da Fábrica do Inglês.

O panorama museológico nacional ficou hoje, sem dúvida, mais pobre.

Filipa Gouveia
Museu Municipal Terras de Besteiros

Manuel Ramos disse...

Agradeço à colega.

Tomo agora a liberdade de publicar, por minha iniciativa, o comunicado do Presidente do ICOM/Portugal, Dr. Luís Raposo, no dia de hoje:

UMA NOTÍCIA TRISTE NO DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS

A informação do encerramento do Museu da Cortiça de Silves, por falta de verbas, constitui uma péssima notícia, especialmente quando corre no Dia Internacional dos Museus.

A direcção do ICOM Portugal não pode deixar de manifestar o profundo pesar que esta notícia nos causa, renovando o conteúdo do comunicado emitido em 15 de Dezembro de 2009, que se abaixo se transcreve.

Fazemos votos para que este encerramento seja apenas temporário, até que sejam encontrados os meios que permitam o museu reabrir. E simultaneamente incentivamos todos os que acompanham e amam os museus para que reflictam no carácter paradigmático que este caso pode constituir: de como um museu tão celebrado, pela valia intrínseca das suas colecções e pelo projecto museológico que protagonizou, reconhecido com o prémio de “Melhor Museu Europeu do Ano”, pôde ser conduzido até ao estado em que se encontra. Que limites devem existir para a gestão empresarial privada de colecções de indiscutível interesse público ? Que limites para as parcerias público-privadas ? Que limites, enfim, para a progressiva alienação das responsabilidades do Estado na área dos museus, a que temos vindo assistir, em nome do liberalismo social ?

Luís Raposo

Presidente do ICOM Portugal

Manuel Ramos disse...

Mais um comentário que importa reproduzir, feito noutro local (http://ml.ci.uc.pt/mhonarchive/museum/index.html), sobre o assunto:

A principal mensagem neste Dia dos Museus 2010 − por causa da reflexão que merece, e da acção que exige – terá sido, seguramente, a de Manuel Castelo Ramos.

Seguem-se os pedidos de esclarecimento, as promessas e os comunicados. Todos parecem ter razão, talvez, em não terem nenhuma. Todos parecem ser da parte que não tem nenhuma culpa. “Todo o Mundo, e Ninguém”, tal como disse um dia um português.

A gestão museológica exige mudanças. Aquelas que referi em 22/03/2010 na mensagem n.º 3650,“Re Instalar Museus em Portugal”.

Mas este caso exige uma acção imediata. E faço votos para que os responsáveis a tomem.

Às tutelas nacionais e municipais pede-se-lhes que saibam antecipar os problemas. E a melhor maneira de o fazer é conseguir preparar o presente para o desenvolvimento dos amanhãs.

Segundo a notícia “O Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês foi inaugurado em 1999, graças a um investimento de cerca de 12,5 milhões de euros de empresários locais. Em 2001, foi distinguido pelo Fórum Museológico Europeu com o Prémio Micheletti para Melhor Museu Industrial da Europa, tendo recebido nesse ano mais de 100 mil visitantes.”

Doze milhões e quinhentos mil euros “dados” por empresários privados…, salvo qualquer erro de investimento racional, são muitos ‘recursos’ para um retorno certamente altruísta e filantrópico.

Sugiro que se aproveite esta ocasião para reformular a Rede Portuguesa de Museus. Se aproveite este caso para encontrar uma solução que dê continuidade, e revitalize, o trabalho de mérito que a RPM tem feito. Porque, na nossa perspectiva de Rede − com a partilha de recursos e com uma nova forma de gerir o Património que implicava − era possível evitar o que esperamos que não aconteça ao Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês, em Silves, premiado como o "Melhor Museu Industrial da Europa" em 2001.

Pedro Manuel Cardoso

(Museu da Gestualidade)

Maria Cristina Gonçalves disse...

Bom dia caro colega,
O meu sincero desejo é que o Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês reabra o mais breve possível, para comemorar o Dia Internacional dos Museus por muitos anos.
A vida dá muitas voltas, quer para as pessoas, quer para as instituições.
Um abraço.
Maria Cristina Gonçalves
Técnica Superior
CMC/DEC/Divisão de Museus Municipais
[Casa Reynaldo dos Santos