27.5.06

Há opiniões e opiniões


O desafio lançado pelo jornal Terra Ruiva (na sua última edição, a nº 68) a três economistas do concelho de áreas políticas diferentes, para que comentassem a situação financeira da autarquia tendo como base o Relatório e a Conta de Gerência de 2005, gera três opiniões que não resisto comentar. Maria José Encarnação (membro eleito do PSD à Assembleia Municipal e porta-voz do grupo), Nuno Silva (candidato PS à Câmara e vereador em substituição) e Francisco Martins (vereador CDU com mandato suspenso) realizaram três participações distintas e de diferente valor. Começo pela apreciação da economista ligada ao PSD. Primeiro aspecto, notável e, quiçá, inédito: como é que se consegue, sobretudo por parte de uma economista, realizar um comentário económico-financeiro a uma conta de gerência sem uma única vez citar um número, um valor em euros, qualquer coisa que fale de dinheiro? Notável! Como é que se pode dizer que existe uma capacidade de endividamento disponível de 63%, quando a actual lei não permite mais do que 37%. A realidade é que a autarquia esgotou a sua actual capacidade de endividamento segundo a lei. Isso sim, é falar claro. Depois é o que se esperava: o rol de obra (em obra, todos vemos) que nada diz da saúde financeira e daquilo que fora realmente pedido. Convém, contudo, realçar a referência a espaços como o teatro Mascarenhas Gregório que em Setembro próximo completará um ano fechado depois da sua inauguração ou a ausência de referência ao ex-Matadouro cuja abertura não se faz por mera teimosia da senhora presidente da Câmara. Enfim, como diria Marcelo, e considerando a análise económica, nem iria à oral (veja-se cópia do artigo . Para ver horizontalmente, procure no Acrobat Reader a ferramenta Girar visualização, sentido horário).
Nuno Martins (PS), começa por pecar quando não assume claramente a responsabilidade do que afinal talvez tenha sido mesmo ele a escrever, refugiando-se sob a tutela partidária. O trabalho é "soft" (veja-se cópia do artigo), certinho na ordenação das respostas às questões formuladas pelo jornal, mas pouco contundente e crítico perante os números preocupantes que revela. Ainda assim, é uma análise de um economista, ao contrário da anterior. Pouco cuidado linguisticamente, por vezes, seja na ortografia ou na concordância, seja na terminologia (o que é isso de dizer "... apraz-nos registar com muita preocupação...").
Finalmente, e alguns irão dizer que parcialmente (não quero saber, é a verdade, em minha opinião), excelente nota para a análise de Francisco Martins. Verdadeira análise económica: clara, acessível a todos, mesmo aos que não dominam (como eu, admito-o) estes assuntos, pegando nos números e mostrando o que se esconde por detrás deles. E como a economia não é um fim em si, antes um meio, fazendo a extrapolação política que esses números lhe merecem (veja-se cópia do artigo).
Fica o agradecimento ao Terra Ruiva pelo oportuno desafio e pelas cópias que usámos.

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