13.10.07

Espaço Informativo II

Serve este tópico para informar do que se passou na reunião que ontem, sexta-feira, decorreu na sede da Agência Portuguesa do Ambiente (antigo Instituto do Ambiente) e de que já dei anterior informação. Deslocaram-se a Lisboa para esta reunião a presidente Isabel Soares, os vereadores Rogério Pinto, Lisete Romão e eu, acompanhados de dois elementos da Comissão de Moradores de Vale Fuzeiros, Sérgio Santos e o Engenheiro (ele que me desculpe), de que agora não lembro o nome! Em Lisboa, estava também mais uma proprietária da freguesia de Messines que nos acompanhou. A reunião com o Prof. Dr. António Henriques, a Drª Fernanda Santiago (director e vice-directora da APA) e a Engª Rita Candeias durou cerca de 45 minutos. Isabel Soares fez inicialmente uma apresentação sumária da realidade económica e cultural da zona afectada de Vale Fuzeiros no que respeita à realidade actual e futura deste vale de enormes potencialidades para o concelho que, em termos territoriais e ao contrário de outros no Algarve, vive sobretudo do Barrocal e da Serra, mostrando como a implementação deste traçado poderia ser muito prejudicial. Fê-lo bem, há que o admitir. Pena que o faça agora...
Mas vamos aos factos. Apresentadas as divergências, mostrados os trajectos propostos através de um documento que o Serviço de Informação Geográfica (SIG) da Câmara preparara, o que a Agência referiu é que o traçado mais a norte (das barragens) nunca lhes fora proposto e, por isso, nem sequer considerado. O traçado proposto pela Comissão de Moradores (já esse em situação de compromisso) atravessando o regolfo de uma das barragens poderia ser alvo de contestação pelo INAG. A isso referi o facto de que difícil seria defender tal coisa, já que o mesmo tratamento não é dado à Barragem do Odelouca que será inevitavelmente atravessada. Mais, difícil era compreender os argumentos invocados pelos autores do Estudo de Impacte Ambiental quando dizem que a opção sul (aquela que passava à vista de Vale Fuzeiros) era a que evitava maiores impactos sobre áreas povoadas, sobre zonas agrícolas ou detentoras de património construído. Quem conhece a região sabe que a norte de Vale Fuzeiros, ou da barragem do Funcho e da área do Plano que recentemente foi aprovado, pode-se dizer, começa o deserto (não, não me comparem com o tal ministro!), até porque é, em grande parte, área ardida. E contra mim falo, porque se assim fosse talvez ainda sobrasse um poste ou dois da REN para mim!
A Drª Fernanda Santiago deixou a pergunta fundamental no ar: "Os senhores sabem o que isso significa? Voltar à estaca zero!", disse, enquanto nós com as cabecinhas abanando verticalmente dizíamos que sim.
Não, talvez não, trata-se de fazer uma avaliação de impacte numa área circunscrita, limitada, que afinal decorre de duas situações que, aparentemente, só agora são do conhecimento geral:
1ª A referência a património arqueológico nunca antes conhecido (!), nem dado a conhecer pela autarquia ou tutela destas coisas (IPA, agora IGESPAR);
2ª A descoberta de que, afinal, Vale Fuzeiros é território habitado, ocupado, agricolamente vivo, riquíssimo (depois dos incêncios a norte ainda mais) em termos faunísticos (e concretamente avifauna), geológicos (a mancha de "grés de Silves" tem por aí uma das suas maiores expressões), hidráulicos (as barragens do Funcho e do Arade dão de beber a meio Algarve) e as possibilidades que isso trás a um turismo cultural sustentado.
E o que disseram os responsáveis da APA: bom, vamos falar com a REN (que deveria ter estado presente na reunião, para a qual, aliás, se tinha disponibilizado terça-feira, não fosse a presidente esquecer-se de os convidar!), ver das possibilidades que há e daremos notícias.
Bom, cá para mim, estou farto do jogo do empurra. É a REN que empurra para o Ambiente, é o Ambiente que empurra para a REN. É altura de acarear toda a gente, inclusive o Ministério da Economia, responsável pelo licenciamento destas coisas.
Já o disse, o processo foi licenciado e agora a decisão, face aos legítimos protestos dos moradores, terá que ser política. Em Sintra nem sequer é política, é judicial. Porque não a acatou a REN?
Alguns anos atrás houve um partido político que fez campanha com uma frase bonita, talvez só bonita para usar em campanha.
Era algo assim: "O que importa são as pessoas"
E agora??
P.S.- Fica a ligação para a notícia do Barlavento.

4 comentários:

Anónimo disse...

Meu Caríssimo Manuel,

Agradeço o seu posto sobre a reeunião sobre a rede de alta tensão.

É bom que os silvenses entendam que esta é uma questão que está muito para além das meras refregas partidárias...

Há que juntar forças. A oposição tem a obrigação de, ao lado do Executivo camarário, se bater pelos interesses dos silvenses. Vejo, com agrado - confesso - a sua capacidade para separar o trigo do joio, Caro Manuel. Você está a dar um verdadeiro exemplo do que é a democracia a funcionar em benefício das populações.

É bom ver que em vez de "Servir-se de Silves" (infeliz expressão que, no fundo, tem dado espaço para, invocando a defesa de Silves, haja quem queira servir-se de Silves), o meu Caro Manuel dá uma chapada de luva branca oa resto da oposição, marcando um posição de verdadeiro interesse municipal.

Fica o meu reconhecimento, Manuel.

Abraços.

Anónimo disse...

Sr. Vereador, mas essa frase de campanha "o que importa são as pessoas", dizia a que pessoas se referia? Talvez implicitamente a umas, mas explicitamente a outras... Bem temos visto quais as que têm importado!
Apreciei, mais uma vez, a sua solidariedade.

Anónimo disse...

Embora este espaço informativo diga respeito ao assunto relacionado com a REN (Vale Fuzeiros, e não de Fuzileiros, como ouvi na TV), mas COMO O QUE INTERESSA SÃO AS PESSOAS, a todos os níveis, vou referir-me a um aspecto cultural, coisa que no nosso Concelho é descurada, como se sabe.
Li num jornal de destribuição gratuita, que de vez em quando me vem ter a casa, que o Auditório da Câmara de Portimão tinha sido sujeito a grandes obras (ainda não terminadas), para conseguir, em boas condições, apresentar quatro espectáculos de ópera. O custo é baixo, apenas de € 15,00 por espectáculo (claro que porque é comparticipado). Se se comprarem as entradas para os quatro, são só € 50,00, e ainda tem a oferta de um disco correspondente ao 1º. espectáculo. Este realizou-se ontem, portanto já só faltam três da série, que serão ainda este mês: nos dias 19 e 20, "La Traviata", de Verdi; a 23, "Fidelio" de Beethoven; a 26 e 27, "A Tosca", de Puccini.
A Câmara de Portimão, para além de ter realizado estas noites de ópera, dispôs também de um serviço de acompanhamento de crianças, entre os três e os oito anos, para que os pais nem só não se privem de assistir ao espectáculo, como ainda o possam fazer em descanso.
Para quando espectáculos e serviços destes em Silves?

Manuel Ramos disse...

Agradeço o seu informativo comentário, em complemento do que aqui se tenta fazer.
À pergunta que deixa não posso dar resposta, como calcula, ainda que já a tenha feito inúmeras vezes a mim mesmo!