Vai sendo tempo de ir dando voz, neste blogue, a outras escrituras que também fazem as minhas leituras, e com as quais me identifico, gostando assim de as partilhar. Em discurso directo de preferência, em respeito pelo que outros escreveram, e que não quero de modo algum adulterar.
Fiquem hoje pelo Editorial do último jornal Terra Ruiva, de Messines, o único que, infelizmente para todos nós, vai verdadeiramente fazendo jus a esse estatuto!
Fiquem então com a escritura de Paula Bravo, a directora e editorialista.
Das fugas e suas consequências
Qual é o papel da comunicação social? Esta pergunta, que me ocorre com frequência, tem normalmente uma resposta positiva. Vejo a comunicação social como um serviço de informação, naturalmente, mas muito mais do que isso. Fazer comunicação é também denunciar o que se entende estar mal ou menos bem; sublinhar e divulgar as boas iniciativas, dar relevo a quem se distingue pelas suas acções meritórias.
Perguntasse eu agora aos leitores: quem está de acordo com esta ideia? … e tenho a certeza que a maior parte concordaria comigo.
Ultrapassada esta fase de “introdução”, por assim dizer, vamos a uma outra questão mais concreta. Imagine o leitor que tem conhecimento que uma entidade pública, daquelas que gerem o dinheiro de todos nós, estava, por exemplo, a entregar obras sem fazer nenhum concurso. Aposto que o leitor dizia logo, isso assim não pode ser! Sem haver propostas de várias empresas, como é que essa entidade garante o melhor preço?
E concluía, que quem assim procede não está a gerir o dinheiro público como é sua obrigação.
Não sei se nesta fase o leitor sentiria ou não vontade de despedir de imediato o responsável por esta situação. Isso é outra conversa…
Continuemos no nosso faz de conta. Imagine o leitor que sabia que tudo isso estava a acontecer, no, digamos, “segredo dos deuses”. E eis a minha pergunta chave para si – pensa que esse caso deveria ser divulgado, ou deveria permanecer no aconchego de quem pratica as ilegalidades e de quem as permite?
Se pertence ao grupo dos que pensam que casos destes devem ser denunciados, investigados e punidos os seus responsáveis, junte-se aqui a este lado.
Se pensa que o mais grave deste caso é o assunto ter ido parar às páginas da comunicação social e haver jornais e membros da Assembleia Municipal e vereadores não permanentes que o conheciam, junte-se ao lado da presidente da autarquia, Isabel Soares.
Já na edição passada, falei do caso Viga d’Ouro e dou-vos a minha palavra que não era minha intenção voltar ao assunto neste mês. Mas, ao ir assistir à sessão extraordinária da Assembleia Municipal, de que nesta edição se dá conta, fiquei pasmada com o que ali se passou. Em várias horas de reunião, a presidente da Câmara não deu uma única explicação aos membros da Assembleia Municipal, nem às variadas questões que lhe foram colocadas! Apenas uma e só uma preocupação foi expressa por Isabel Soares – que houve fugas de informação no processo e que irá procurar e tentar punir por todos os meios ao seu alcance os responsáveis por essa fuga.
Não falou de nenhuma das irregularidades detectadas, não justificou nenhuma acção do seu executivo, não desmentiu que na mesma situação da Viga d’Ouro possam estar outras empresas; não respondeu quando se levantou a suspeita de que os serviços da Câmara estarão a tentar “arranjar” alguns documentos para estarem em ordem quando se iniciar a auditoria que a própria Isabel Soares mandou fazer.
Não. A preocupação da presidente foi expressar o seu desagrado por o assunto ter chegado aos jornais.
Terá a presidente Isabel Soares as suas razões. Saberá até outros pormenores que desconheço e que não sei avaliar.
Mas a comunicação social não se faz nem se deve fazer com base no que agrada ou não agrada aos presidentes quaisquer que sejam eles, aos partidos, aos interesses económicos.
Houve fuga de informação? Se existiu, ainda bem, digo eu. Caso contrário estaríamos nós a discutir este caso? Saberíamos nós que a Câmara Municipal de Silves deu obras no valor de cinco milhões de euros a uma só empresa, sem concurso? Faria a autarquia algum inquérito? Procuraria alguma vez corrigir esta situação se ela não tivesse chegado à comunicação social? Procuraria? Hem, leitor?...
Qual é o papel da comunicação social? Esta pergunta, que me ocorre com frequência, tem normalmente uma resposta positiva. Vejo a comunicação social como um serviço de informação, naturalmente, mas muito mais do que isso. Fazer comunicação é também denunciar o que se entende estar mal ou menos bem; sublinhar e divulgar as boas iniciativas, dar relevo a quem se distingue pelas suas acções meritórias.
Perguntasse eu agora aos leitores: quem está de acordo com esta ideia? … e tenho a certeza que a maior parte concordaria comigo.
Ultrapassada esta fase de “introdução”, por assim dizer, vamos a uma outra questão mais concreta. Imagine o leitor que tem conhecimento que uma entidade pública, daquelas que gerem o dinheiro de todos nós, estava, por exemplo, a entregar obras sem fazer nenhum concurso. Aposto que o leitor dizia logo, isso assim não pode ser! Sem haver propostas de várias empresas, como é que essa entidade garante o melhor preço?
E concluía, que quem assim procede não está a gerir o dinheiro público como é sua obrigação.
Não sei se nesta fase o leitor sentiria ou não vontade de despedir de imediato o responsável por esta situação. Isso é outra conversa…
Continuemos no nosso faz de conta. Imagine o leitor que sabia que tudo isso estava a acontecer, no, digamos, “segredo dos deuses”. E eis a minha pergunta chave para si – pensa que esse caso deveria ser divulgado, ou deveria permanecer no aconchego de quem pratica as ilegalidades e de quem as permite?
Se pertence ao grupo dos que pensam que casos destes devem ser denunciados, investigados e punidos os seus responsáveis, junte-se aqui a este lado.
Se pensa que o mais grave deste caso é o assunto ter ido parar às páginas da comunicação social e haver jornais e membros da Assembleia Municipal e vereadores não permanentes que o conheciam, junte-se ao lado da presidente da autarquia, Isabel Soares.
Já na edição passada, falei do caso Viga d’Ouro e dou-vos a minha palavra que não era minha intenção voltar ao assunto neste mês. Mas, ao ir assistir à sessão extraordinária da Assembleia Municipal, de que nesta edição se dá conta, fiquei pasmada com o que ali se passou. Em várias horas de reunião, a presidente da Câmara não deu uma única explicação aos membros da Assembleia Municipal, nem às variadas questões que lhe foram colocadas! Apenas uma e só uma preocupação foi expressa por Isabel Soares – que houve fugas de informação no processo e que irá procurar e tentar punir por todos os meios ao seu alcance os responsáveis por essa fuga.
Não falou de nenhuma das irregularidades detectadas, não justificou nenhuma acção do seu executivo, não desmentiu que na mesma situação da Viga d’Ouro possam estar outras empresas; não respondeu quando se levantou a suspeita de que os serviços da Câmara estarão a tentar “arranjar” alguns documentos para estarem em ordem quando se iniciar a auditoria que a própria Isabel Soares mandou fazer.
Não. A preocupação da presidente foi expressar o seu desagrado por o assunto ter chegado aos jornais.
Terá a presidente Isabel Soares as suas razões. Saberá até outros pormenores que desconheço e que não sei avaliar.
Mas a comunicação social não se faz nem se deve fazer com base no que agrada ou não agrada aos presidentes quaisquer que sejam eles, aos partidos, aos interesses económicos.
Houve fuga de informação? Se existiu, ainda bem, digo eu. Caso contrário estaríamos nós a discutir este caso? Saberíamos nós que a Câmara Municipal de Silves deu obras no valor de cinco milhões de euros a uma só empresa, sem concurso? Faria a autarquia algum inquérito? Procuraria alguma vez corrigir esta situação se ela não tivesse chegado à comunicação social? Procuraria? Hem, leitor?...
Paula Bravo, Jornal Terra Ruiva, Novembro 2006
4 comentários:
É claro que não, Senhor Vereador.
A opacidade da nossa Autarquia, não é mais do que a imagem da pessa opaca, que preside aos seus destinos.
Em Democracia, as pessoas elegem.
Em Democracia, os Munícipes, com as suas contribuiçóes e impostos, pagam os ordenados dos empregados municipais e da sua Presidente.
É com o dinheiro que os Munícipes pagam que a senhora Presidente organiza aquelas festas e festinhas e todo o folclore eleitoral a que temos assistido nos últimos anos.
O Munícipe paga para ter bons serviços ao seu dispor e tem o direito de, em contrapartida, ter respostas para as suas questões, tem o direito de exigir informação precisa e correcta por parte da Autarquia o que é dizer da senhora Presidente, que é a sua face.
Mas o que é que o Munícipe obtém?
Respostas evasivas e silêncio (que é muito comprometedor).
A Autarquia tem que dar respostas claras, correctas, em devido tempo, aos seus Munícipes.
O desconhecimento do que se tem passado no nosso Concelho é por demais evidente.
A Democracia exige rigor, transparência, verdade. Exige rigorosa aplicação dos dinheiros que são de todos nós, contribuintes.
Temos que saber onde os dinheiros são gastos.
A situação que vivemos na nossa
Autarquia é demasiado grave e reveladora de falta de rigor e de respeito para com os Munícipes.
Precisamos de honestidade, rigor e transparência.
A.F.
Dr. Ramos,
Ainda bem que o Sr. mudou o tema, porque o outro já estava a aborrecer um pouco...
Eu também li o "Terra Ruiva" e queria fazer um comentário, mas como me "roubou" o editorial, tenho que ir adiante:
Temos então mau tempo (devia ser no final, quando já não há nada para dizer, mas para seguir a sequência), "inundação nunca vista", um novo, excelente e esmerado artigo do Dr. Francisco Martins intitulado "Política orçamental economicamente errada e socialmente injusta!", que nos fala do OE para 2007 (a propósito dos off-shores, se o Alberto João invadir o contenente através de Messines, eu quero ver...).
Outro artigo "Quando não é do fogo, é da água", de Paulo Silva, inspirado na Sra. da Piedade (este autor é co-responsável na invasão atrás falada). Gostaria de lhe dizer que na coligação de que ele fala para as próximas eleições, já eu falava para as anteriores, mas estes dois partidos gostam de se candidatar "orgulhosamente sós", e depois vêem-se os resultados... E ele que não tenha essas ilusões, porque nem para a votação das taxas do IMI se "coligaram"...
Encerra prisão de Silves: daqui a pouco é Câmara, Tribunal, Finanças, Escola, e que mais? Valha-nos, ao menos, os Serviços de Segurança Social, de que nos podemos orgulhar (também, que diabo, de alguma coisa havia de ser). O SAP ainda não encerrou, mas, por exclusão de partes, para que é que já serve...
Sessão da Assembleia, já não é novidade...
Rio Arade vai continuar assoreado e não navegável, como há-de cá chegar D. Sebastião? (os turistas podem esperar...)
CDU e PS fazem balanço de um ano de mandato PSD: do primeiro já não há novidades, porque temos sido informados ao longo deste blogue; o segundo, falado na primeira pessoa, revela, de forma menos agressiva, mais ou menos as mesmas decepções.
A parte mais humana, e muitas vezes esquecida: uma mãe chora a morte de uma filha. Não há palvras: um grande abraço para ela e para o pai!
Resta falar do tempo: céu azul, sol, mas "mau tempo no canal"!
"Mau Tempo no Canal" não era uma obra de Vitorino Nemési(c)o?
Sobre o segundo anónimo...
O que eu defendo mesmo é uma espécie de movimento "Salvem Silves"... Se PS e PCP lá estiverem tanto melhor.
E porque não os "renegados" do PSD?!! Também eles estão descontentes com a actual situação...
Cumprimentos ao Dr. Ramos e a todos os participantes.
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